Preparando o terreno para me tornar uma UX/UI Designer — parte 2

Mari Müller
6 min readJan 28, 2020

--

Se você chegou de “paraquedas” não vai entender a história toda. Aconselho você a ler a parte 1 aqui.

Depois de estar inscrita no curso de design de interfaces e me dar conta de que precisava de um computador, comecei a pensar em como compraria um. Seria um computador pronto ou um montado? Comecei a analisar as possibilidades. A questão principal era o investimento em dinheiro que precisava ser feito. As minhas reservas haviam acabado. O que me restava era reduzir as minhas despesas pessoais e pagar com meu suado salário de criativa na empresa que trabalhava. Falando em salário, vou abrir um “parêntese” aqui abaixo.

Sobre meu crescimento como funcionária vs o retorno financeiro

Apesar de estar na mesma empresa como empregada há quase 6 anos (até esse momento da saga — janeiro de 2019), meu salário não era dos melhores e os aumentos espontâneos sempre foram escassos. O principal motivo dessa situação, a meu ver, foi porque a empresa custeou boa parte da minha faculdade. Apesar de já ter me formado (no mês anterior, no caso), ainda era muito cedo para pensar em aumento de salário, vamos colocar assim.

Sendo honesta, me arrependo de não ter tomado uma atitude naquele momento. Poderia ter dito para minha chefe que, agora que havia me formado, era uma profissional formalmente qualificada e poderia ter um aumento proporcional a esse dinheiro que já não estava mais nas contas a pagar da empresa. Porém, eu tenho uma séria questão pessoal em reivindicar aumento de salário. Sempre senti medo de chegar aos meus superiores e dialogar sobre isso. Das poucas vezes que tentei, o resultado foi mínimo ou nulo. Eu me sentia humilhada em estar naquela situação tendo que defender meu trabalho, apesar de claramente saber que era um direito meu. Eu sabia da minha evolução e capacidade. Mas como qualquer empresa, todo o trabalho a mais que você fizer é bem-vindo e vão lhe cobrar mesmo não sendo sua responsabilidade. E, se quiser retorno financeiro sobre isso, deve “colocar os pratos na mesa” e defender por A+B que você merece um aumento. Do contrário, você senta porque vai cansar de esperar.

Poderia ser Head de Design, Diretora de Arte Pleno, Criação Pleno, ou qualquer outro termo usado hoje em dia, mas ainda era Assistente de Criação, apesar de não ter nenhum criativo superior a mim. Durante anos “tomei conta” do setor de uma empresa com mais de 50 funcionários e líder no seu ramo de atuação em toda a região Sul do país. Respondia, dependendo do projeto, a minha chefe, que era Gerente Geral de Operações, ou aos próprios diretores da empresa.

Essa falta de reconhecimento e de perspectivas me entristecia e, há muito tempo, estava pensando em deixar a empresa. No entanto, estava comprometida em me formar. Sempre fui aquela pessoa que, uma vez que começa algo, deve ir até o fim. Sendo honesta novamente, me arrependo disso também. Poderia ter largado a faculdade para trabalhar em uma empresa legal, que me valorizasse de verdade e na qual eu sentisse orgulho de trabalhar.

A opção de sair da empresa e continuar estudando não existia, porque a faculdade era mais cara que o meu salário e nenhuma outra empresa iria abraçar parte dessa conta.

No fim, não sai da empresa. Aguentei muito “perrengue” por causa dessa decisão. Muitas vezes, acordava triste e sem vontade de sair de casa. Era um martírio enfrentar quase duas horas de trânsito todos os dias para trabalhar em algo que não gostava e que não me trazia alegria alguma. Só que o objetivo maior era me formar. Eu já tinha caminhado demais e gastado muita grana em mensalidade para jogar tudo pro alto.

Enfim, não adianta chorar o leite derramado. Estou feliz em ter me tornado Publicitária, apesar de não querer exercer a função. Todo o conhecimento que adquiri me fez quem eu sou hoje, então, de certa forma, é algo positivo.

Fechando o parêntese e voltando aonde havia parado. Estava nesse emprego e tentando ver se conseguiria dinheiro suficiente para comprar um novo computador. Pesquisei em sites e lojas e vi que não valia a pena comprar um pronto. Nunca é como a gente espera. Das duas, uma: ou as lojas sempre colocam alguma peça mais inferior que o restante dos componentes para competir no preço, ou é tudo ótimo, mas você precisa desembolsar uma pequena fortuna. Decidi que o melhor era comprar as peças separadamente e ir montando o computador. E assim fui fazendo, mês a mês.

Em junho de 2019 estava com o computador montado. Feliz da vida. Enfim, todos os meses no aperto foram compensados. Nesse meio tempo, fui vendo vídeos e lendo artigos sobre a profissão de UX Designer, para ir me acostumando com os termos usados e estar mais preparada para o curso (alguém faz isso?). Por muitas vezes, pensei: pra quê esperar o computador e não começar logo os estudos com os recursos que eu tinha? Eu poderia assistir as aulas pelo notebook e ir fazendo os exercícios com os materiais que tinha em casa, e caso precisasse de software, usar o computador do trabalho. Mas estava esgotada fisicamente e mentalmente para tentar estudar em casa depois do expediente.

Quando fui ligar o computador, já montado, para ver se estava tudo certo, ele não ligava. Naquele momento, pensei que poderia ser alguma peça com defeito. Para constatar, levei o computador até a assistência técnica. Descobri que o processador não era compatível com a placa-mãe. Dos males o menor, pelo menos não havia perdido dinheiro. Porém, estava em meio a um dilema: trocar a placa-mãe ou o processador? Teria que vender uma das peças para comprar outra compatível. O processador era bem mais caro, portanto, mais difícil de vender. Vendi a placa-mãe e fui atrás de outra.

E foi aí que apareceu mais um problema. Placas-mãe compatíveis com o processador que eu tinha, somente de servidores! Custam uns 12 mil reais ou mais, em média. O que fazer agora? Pesquisei em sites de fora do Brasil e achei uma marca compatível na Amazon, mas não entregava no Brasil. O preço estava mais ou menos o que eu havia pagado pela placa-mãe anterior, então era agora ou nunca.

Felizmente, para quem é do Brasil (ou de outros países), existem armazéns que recebem mercadorias compradas nos Estados Unidos e que entregam na sua residência. Você faz uma conta no site e eles lhe fornecem o endereço deles. Você usa esse endereço como destino das entregas para as compras que fizer. O serviço que contratei para a tal foi da empresa Qwintry. Depois de ver vídeos de reviews e pesquisar muito, vi que valia a pena e que o serviço era confiável. Fiz a compra e aguardei a placa-mãe chegar.

Essa foi a placa-mãe que comprei na Amazon americana — configurações aqui

A chegada no Brasil foi bem rápida, umas três semanas. Mas parou em Curitiba e quem disse que saía de lá? Era época de uma greve dos Correios e levei mais de cinco meses para receber a minha placa-mãe. Imagina se ela tivesse com defeito? Não teria como enviar de volta. Estava rezando para todos os santos que ela chegasse em casa sã e salva. Ela chegou. Testei e, aleluia! Tudo certo. Finalmente estava com meu computador pronto.

Agora o problema era outro: como arrumar tempo, disposição e saúde mental para me dedicar aos estudos. Teria que tomar uma decisão muito séria. Continuar ou não trabalhando em um emprego formal que ocupava 12 horas do meu dia. O que eu decidi? A resposta você confere no próximo post!

Se você chegou até aqui, muito obrigada e até a próxima!

--

--

Mari Müller

UXR Specialist/ UX Strategist at Accenture. Master in UX Design Strategic Management https://www.linkedin.com/in/mari-muller/